#01 Almerinda Simões - Teatros de Bonecos























A CASA DE BERNARDA ALBA
de Garcia Lorca

A CASA DE BERNARDA ALBA de Garcia Lorca


    "Esta cena inspirada na obra do espanhol Garcia Lorca, retrata o velório do segundo marido da D. Bernarda Alba, estando todas as mulheres a cochichar, vestidas de preto, véu e lenço na cabeça.


  A viúva é a figura central desta peça, conjuntamente com as suas cinco filhas: uma do seu primeiro casamento e quatro do segundo casamento. Pretende casar a sua filha mais velha com um homem desejado e chorado por todas as mulheres, daí que as filhas mais novas estejam a bordar para o enxoval da sua irmã mais velha.


  O leque preto suga como um símbolo de Espanha."











Adereços 


1 Pano de cenário c/ com um quintal cercado por um muro, com casas e campo como fundo

1 Tapete azul c/riscas brancas, verdes, e cor de laranja

2 Portas de madeira

1 Mesa de madeira rectangular

2 Bancos corridos grandes de madeira

1 Banco corrido de madeira (médio)

4 Bancos de madeira, pequenos

1 Baú de Madeira

2 Castiçais de metal (c/ velas)

2 Velas (guardado dentro do Baú)

2 Facas (guardado dentro do Baú)

2 Bordadeiras de Madeira, com suporte

1 Naperon rectangular

1 Naperon em meia lua

1 Naperon de face ondulada

1 Leque preto





O SERÃO DO PRIMO BASÍLIO 
de Eça de Queirós



    "Baseado no famoso livro de Eça de Queiróz, esta cena retrata um serão na sala da Luísa e Jorge, que recebem visitas. Luísa está a bordar, enquanto que seu marido Jorge está a se despedir, pois vai para o Alentejo. Eduardinho lê peças de teatro para animar o conselheiro Acácio e restantes visitas.


  No quarto ao lado, estão as criadas a cuidar do chá para os seus senhores. Uma delas prepara-se para dar um giro na rua, procurando engraxar cuidadosamente as botas a seu avental."










Adereços


1 Pano de cenário, c/ 2 janelas e 1 reposteiro

1 Armário estante (virado para a cozinha)

1 Baú (entre a sala e a cozinha)

1 Fogão com chaminé (cozinha)

1 Mesa redonda (sala)

1 Mesa quadrada (sala)

1 Mesa rectangular (sala)

3 Puffs redondos

1 Sofá chaise-longue

1 Naperon rectangular pequeno (baú)

1 Naperon quadrado (mesa redonda da sala)

1 Naperon rectangular grande (mesa retangular da sala)

1 Toalha de mesa grande, verde (mesa retangular da sala)

1 Toalha de mesa quadrada, c/ flores (mesa quadrada da cozinha)

1 Toalha de mesa rectangular pequena, c/ flores (mesa quadrada da cozinha)

1 Tapete quadrado, Bege ( Mesa da Cozinha)

1 Tapete quadrado grande riscado, cor de rosa (Sala)

1 Lamparina a óleo de parede 

1 Lamparina a óleo de mesa (mesa retangular da Sala)

1 Candelabro (mesa retangular da Sala)

1 Almofada redonda (sala)

1 Almofada quadrada (sala)

1 Almofada rectangular (sala)

2 Almofadas quadradas, c/ flores (cozinha)

1 Serviço de chá em porcelana, c/ 1 bule com tampa, 2 chávenas e 2 pires (sala)

1 Serviço de café em barro, c/ 1 bule de café com tampa, 1 jarro de leite, 4 chávenas e 3 pires (mesa da cozinha)

1 Travessa de barro oval (mesa cozinha)

1 Conjunto de talheres de madeira de cozinha (pendurado no armário da cozinha)

1 Jarro de flores de metal dourado, c/ flores de pano (baú)

1 Cesta de verga, com linhas de costura (sala)

1 Cesta de verga redonda (cozinha)

1 Pote de Barro (armário estante da cozinha)

1 Jarro de barro, c/ tampa (armário estante da cozinha)

1 Panela de cobre (armário estante da cozinha)

1 Jarro de cobre (armário estante da cozinha)




LISBOA É FADO
A Severa, Fado Vádio, Marceneiro, Amália, Jovem Fadista



    "O Fado do Bairro da Mouraria, tendo o Castelo de S. jorge como cenário.


  Num dos cantos da rua, canta-se o fado vadio, com um jovem a tentar conquistar o coração da sua amada, exprimindo toda a sua dor de amores.


  No outro, os imortais Alfredo Marceneiro e Amália.


  Em destaque, no centro, um jovem fadista como símbolo do futuro do fado; este pertence a todos os jovens que o queiram cantar.


  Sentada, agonizante pelos seus amores com o Conde de Marialvas, está a nobre Severa, famosa cantadeira de bares e tabernas."








Adereços

1 Pano de cenário do Bairro a Mouraria com o Castelo de S. Jorge de Lisboa



A LOTA

    "Peça de teatro dedicada à Tia Albertina, lareira “ex-libris” de Espinho e Aveiro, que mereceu uma estátua de bronze, perdoa Lota de Espinho.


  Podemos observar os dois pescadores que regressam da pesca e transportam uma rede carregadinha de peixe. a é despejado no areal e comprado pelas varinas, que levado tecas de peixe para o leilão na lota. Outras varinas, de luto e com o saco na mão, aguardam pelas sobras.


  Uma das varinas prepara-se para a venda do peixe na rua, transportando os seus socos na mão (pois desta maneira consegue deslocar-se mais depressa e eventualmente, fugir da polícia), enquanto que o seu marido tece a rede arrebentada pela força do mar."






Adereços

1 Pano de cenário, com barcos no mar junto à costa e ao pé da praia

6 Cestas pequenas

1 Cesta grande

   Diversas conchas, búzios arbustos pequenos peixes (em pano)




A PRAIA

    "Esta cena retrata o turismo em Portugal no início do século XX, com um casal de turistas que observam um grupo de banhistas numa praia da Figueira da Foz.


  O turista está encantado com a visão da mulher a despir o seu espartilho, enquanto que a turista observa cuidadosamente um grupo de três banhistas que vão tomar o seu banho agarrados ao banheiro da praia. De referir que esta situação é muito comum neste tempo, dado que a maior parte dos banhistas não sabia nadar, pelo que mergulhavam todos juntos, de mãos dadas


  Importante reparar no facto das barracas da praia estarem com as suas entradas viradas de lado e nunca em frente ao sol, nem ao mar. Neste tempo, as pessoas não se bronzeiam, únicamente iam para praia nos momentos do nascer e pôr do sol."







Adereços

1 Pano de fundo com paisagem marítima

6 Cabanas da praia

1 Bandeira vermelha

3 Bandeiras cor de laranja

 Diversas conchas e pedras




Almerinda Simões
(1914-2003)

Artesã de Bonecos

    Tinha quatro anos quando fugiu de casa "para ir ver onde dormia o sol". Pensava que era na serra onde o via, mas quando lá chegou o Sol estava na serra seguinte.

    Natural de Ansião, viveu toda a sua juventude no campo, até casar com Manoel Simões. Veio viver para Lisboa onde criou a sua família. Quando já era pensionista, possui um estúdio de artesanato no Mercado do Chão do Loureiro, na Costa do Castelo.

  Almerinda Simões, Avó. Foi uma mulher à frente do seu tempo.

  O apogeu da sua criatividade foi atingido apenas, aos 68 anos e meio.

Almerinda  Simões é uma artesã que confecciona bonecas em "escultura do pano", dando vida aos trapos apresentados em trajes a rigor da época, com rigor regionalista, enquadrados em cenários também por ela executados.

  " Tenho pena que na natureza não existam mais cores para que eu as possa recriar".

  O seu trabalho é conhecido ao nível nacional através dos certames artísticos e artesanais em que tem vindo a participar individualmente e em conjunto com outros artesãos, tendo sido agraciada com alguns prémios e menções honrosas e também internacionalmente, no que respeita à presença dos seus bonecos na International Folklore Dolls - Biennale  em Cracow, na Polónia.

  Para além das bonecas de pano de um palmo de altura a artesã executa igualmente tapeçarias, mantas, colchas e almofadas, a que os estrangeiras chamam "patchwork". Borda camisolas e sacolas, bolsinhas para relógios, panos de mesa ou panos para a cómoda ou ainda pequenos quadros bordados.

  Para satisfazer o desejo de uma criança que queria saber como ela se vestia quando era rapariga, fez a primeira boneca.

  "Depois veio o gosto agora não é preciso que me peçam - Trabalho porque gosto e porque quero. Contudo o tempo foge. Há que aproveitá-lo".

  As suas figuras, com os seus corpos e as suas vestes, construídas a partir de um "esqueleto" de arame forrado com um algodão e com pézinhos de chumbo, vestidas na "escultura do pano", conquistaram um prémio internacional.

  A artesã recorreu ao estudo dos trajes características de Portugal. Com são exemplo a noiva do Minho, com a riqueza e a frescura virgem das jovens do norte, a "Severa", uma célebre fadista de Lisboa plena de sensualidade, a recordar a vida lisboeta de outras eras, quando fidalgos marialvas se reuniam em retiros fora de portas. De destacar ainda, a ceifeira Alentejana como evocação às planuras do Sul e dos campos dourados prenhes de trigo maduro.

  Em muitos dos seus trabalhos Almerinda Simões socorre-se da memória da vida que passou nos campos do distrito de Leiria e no seu pensamento, transferido para bonecos, surgem as figuras das antigas feiras, das festas, das romarias e procissões e até de praias. Reproduzindo hábitos de vestuário de outras épocas, desde o Séc. XVI ao Séc. XX, até aos anos 30, tendo para o efeito visitado por diversas vezes, entre outros museus e bibliotecas, o Museu do Traje em Lisboa (onde também já expôs!). A partir daí, a sua cabeça fervilha de ideias.

  O teatro foi outra faceta da paixão de comunicar a Almerinda Simões. Garcia da Lorca é um dos seus dramaturgos favoritos. A partir da leitura das peças do poeta espanhol, a artesã elaborou uma cena da "Casa de Bernarda Alba". Numa pequena maqueta feita pela própria, nenhum pormenor foi esquecido.
Para além dos intervenientes vestidos com o peso respectivo do ambiente da casa andaluza, a iluminação e os panos de cena também foram concebidos por Almerinda Simões.

  Almerinda Simões começou a fazer estes trabalhos, porque ainda se "sentia útil", os anos de uma vida de trabalho, encontram vazão em obras onde se patenteia a vivacidade e simultaneamente a suavidade, que tanto caracterizam a forma de ser dos portugueses.

Almerinda Simões




Newsletter 01# by Laurent Simões
Texto e fotografias de Laurent Simões
 Filme Super 8 cortesia de Rui Simões 


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